domingo, 11 de julho de 2010

Caos Aéreo Rende Voto?


Controladores que se rebelaram e provocaram o apagão nos aeroportos querem ser deputados

Em setembro de 2006, um grupo de controladores de tráfego aéreo rebelou-se contra o regime de trabalho, alegou que as condições de segurança nos céus eram precárias e detonou o caos nos aeroportos. O motim virou de ponta-cabeça a vida de milhares de brasileiros. Só em dois dias de greve, 18 mil passageiros foram prejudicados. O governo demitiu 40 desses controladores e afastou do trabalho outros 150, mas pouco fez para melhorar a rotina dos aeroportos. Agora os responsáveis pelas rotas decidiram organizar nova batalha: desta vez nas urnas, o que não deve representar um pesadelo para os cidadãos. “O governo não fez as reformas que prometeu por falta de vontade política. Então vamos montar a nossa própria bancada”, afirmou o controlador Wellington Rodrigues, que se lançou candidato do PSol à Câmara dos Deputados.

Com a experiência de quem foi preso pela FAB durante a rebelião, o sargento Wellington aponta a desmilitarização do controle do tráfego aéreo como a principal bandeira da campanha. Ele não acredita que os controladores rebelados serão estigmatizados pelo eleitor. “Nossas denúncias foram um divisor de águas. Vamos cobrar mais fiscalização dos voos e transparência na investigação de acidentes”, afirma. Ele é contra a privatização dos aeroportos, assim como o presidente da Associação Brasileira de Controladores de Voo, sargento Edleuzo Cavalcante, candidato a deputado distrital pelo PSol no DF.

Os controladores miram, na verdade, um nicho eleitoral. O sargento Cavalcante afirma que seu mandato pertencerá a “todos os militares”. Promete que vai “defender uma reformulação do plano de carreira e uma política habitacional específica”. Wellington Rodrigues engrossa o coro: “Não somos contra a FAB, mas o controle de tráfego deve ficar nas mãos de civis, como no resto do mundo.” Em São Paulo, o ex-diretor da Associação dos Controladores Maurício Eduardo Mello, candidato a deputado federal pelo Partido Progressista (PP), completa a plataforma deles: “Regulamentar a profissão, criar uma universidade que forme controladores e criar um plano de carreira”, defende. Na FAB, a candidatura de controladores é vista com desconfiança e vem sendo monitorada pelo centro de inteligência. Mas, diante dos gargalos dos aeroportos, o debate levantado pelos controladores é até oportuno. E, pelo menos desta vez, não prejudica ninguém.

Fonte: Claudio Dantas Sequeira - Istoé

Comentário
Antonio Carlos Cardoso

Edleuzo Cavalcante e Wellington Rodrigues agem como cidadãos de bem que se indignam com tanta coisa errada em Brasília. Mas não basta ficarmos indignados, precisamos lutar contra esse estado de coisas. Ser cidadão ativo da história é lutar politicamente nas urnas. Estamos com vocês!